segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Coisas que ela sabia. Mas tinha esquecido.

Ela ficava com um cara, mas não achava ele O cara.
Tinham gostos parecidos, até o mesmo senso de humor, mas sei lá porque a química não rolava.
Ela achava ele parecido com alguém, mas não se lembrava quem, e quanto mais fazia força para saber menos se lembrava.
Saíram algumas vezes e cada vez era mais nítido que ele gostava mais dela do que ela dele, mas quem sabe isso não mudaria um dia e ele era o cara que ela tanto procurava?
Até que um dia ela estava em casa e olhou para o porta-retratos da sala. Meu Deus, ele parece meu vô quando jovem, era parecido com ele que eu achava!
E depois disso ela não conseguiu mais sair com ele, a cada convite feito deu várias desculpas esfarrapadas. Daquele seu lado Jerry Seinfeld de terminar relacionamentos por motivos bobos ela não se orgulhava.
Mas continuaram amigos apesar de agora não se falarem sempre, e um dia ele estava perto do seu trabalho e ligou perguntando se podia visitá-la.
- Claro, vamos tomar um café, faz tempo que a gente não se fala.
E dentre tantas conversas banais ele lhe conta que estava namorando, ela fica feliz por ele e o parabeniza, ele era um cara bacana mesmo, que legal achar alguém de que gostava.
Mas ele fechou a cara na hora, falou que estava atrasado, deu uma desculpa pra ir embora e ela não entendeu nada.
E voltou a trabalhar e ficou pensando nisso, e de repente percebeu: será que era dela que ele gostava?
E começou a duvidar se aquilo era verdade, em nenhum momento ela demonstrou que gostava dele, como amigo sim, mas não de uma forma romântica, seria possível mesmo sabendo que reciprocidade era o que faltava?
E ela teve um insight...eu já estive do lado de lá, eu já gostei de alguém sem essa pessoa ao menos fazer o mínimo pra que eu gostasse dela. E mesmo assim eu gostava, sem motivo algum eu gostava.
E isso não era culpa da pessoa, como definir a medida exata para que gostem ou não de nós?
Se lembrou do desespero que dava ao perceber que aquele de que gostava "não lhe tinha, nem de longe, amor algum; apenas uma leve amizade, igual a muitas e inferior a várias."
E recordou que nada do que se faça, e até do que não faça, vai fazer a outra pessoa se importar com o que você sente, e a terrível sensação de impotência que isso dava.
Simplesmente estavam em lados opostos, enquanto um gosta o outro sequer se importava.
É claro que ela não achava que ele a amava, mas tudo isso a fez pensar por tudo de que ela já passara.
E alguém me explica como tirando o nós eu fiz um texto em que tudo rima com a palavra cara?

Nenhum comentário:

Postar um comentário